Já se imaginou vivendo num mundo onde só exista você como representante do seu sexo, e o restante da humanidade toda do sexo oposto? Bem, alguém imaginou antes de você, ou pelo menos colocou a ideia no papel primeiro. Escrita pelo ótimo Brian K. Vaughan, que já passou pelas principais editoras norte-americanas e tem no currículo obras que fazem sucesso entre os apreciadores da nona arte (Ex-Maquina, Pride of Baghdad), Y: The Last Man conta a história de Yorick Brown, um jovem mágico especialista em fugas que num belo dia acorda e descobre que todos os homens e animais com cromossomo Y (masculino) foram exterminados (incluindo até espermatozoides congelados), menos ele e seu macaco de estimação. Sonho erótico machista? Nem tanto, pois infelizmente algumas mulheres estão atrás dele não por necessidade sexual, mas por questões políticas, científicas ou por puro fundamentalismo feminista, pondo sua vida em constante risco. Apesar deste paraíso livre de testosterona, Yorick tem como objetivo inicial encontrar sua namorada na Austrália, mas no meio do caminho ele se junta a uma cientista e uma agente secreta, que o ajudam a se safar da gigantesca gaiola das loucas que o mundo se tornou.
O roteiro de Y: The Last Man é muito intenso, prende a atenção e da vontade de ler cada próxima edição, apesar de furos lógicos. Tudo bem, o mundo se tornou um caos, metade da população deixou de existir, e se você considerar ocupações majoritariamente masculinas, como mecânicos, pedreiros, soldados, a situação piora ainda mais. Mas, até onde eu li até agora, já se passaram mais de dois anos. Se fosse só pelos seres humanos, até vai, mas todos os seres? Considerando o ciclo vital de insetos e outros bichos esquisitos, não daria nem dois meses para acontecer uma catástrofe ecológica que dizimaria todos os ecossistemas, já que, como aprendi na escola, quando uma só espécie é retirada da cadeia alimentar, todas as outras são afetadas. Acho que em pouco tempo só sobrariam plantas, isso se desconsiderarmos a ação de animais polinizadores ou responsáveis pela contenção de um crescimento exagerado de determinada espécie. Outro detalhe: assim que eu contei para uma amiga bióloga sobre esta história, ela me disse que os galos teriam sobrevivido e as galinhas não, porque nestes bichos os cromossomos sexuais são invertidos. E o cavalo marinho, que é o macho que engravida?
Ok, ok, licença para a ficção científica, Y: The Last Man é muito divertido e vale uma leitura. Estou lendo a versão original escaneada, mas já foram lançados vários volumes aqui no Brasil, me parece que por diferentes editoras. Quem tem os direitos da série no momento é a Editora Pixel, e acho que eles vão começar a publicar desde o começo na revista Pixel Magazine, uma revista que traz ótimas histórias do selo Vertigo (especializado em quadrinhos adultos) mas que se torna inviável pelo preço que se cobra (R$ 10,90 por uma revista de 100 páginas!). Depois querem que eu compre gibi para ajudar o mercado nacional. Eles não me ajudam, porque eu vou ajudá-los? De qualquer forma, Y: The Last Man já foi encerrada nos EUA na edição 60, e como estou quase terminando, não tem porque começar desde o início de novo. Eu até gostaria de comprar uma edição encadernada em português, mas com o dólar lá embaixo, vale mais até importar o original.
*Atualização (agosto-2014): Atualmente já foi lançada toda a série pela editora Panini em 10 encadernados, mas não há disponibilidade nas principais livrarias.
Editora: Panini
Páginas: 10 volumes encadernados
Disponibilidade: esgotado
Avaliação: * * * *
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