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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Lost City of the Incas - Hiram Bingham

Se hoje Machu Picchu é um ícone nos destinos de viajantes do mundo inteiro, muito se deve à sua condição de cidade perdida, ou seja, que ficou longe dos olhos de quase toda a humanidade durante séculos, até ser redescoberta por Hiram Bingham em 1911. Tendo a noção de que havia feito talvez a maior descoberta arqueológica de todos os tempos, Bingham decidiu contar a peripécia em Lost City of the Incas, em 1948.

O livro se divide em três partes, que parecem três livros diferentes: a primeira é um livro de História sobre a civilização Inca, narrando seus primórdios até seus últimos dias, além de explicar aspectos fundamentais de sua cultura; a segunda parte é uma narrativa de uma viagem de aventura na selva peruana, quando o arqueólogo conta sua trajetória até encontrar a cidade perdida; o último terço se transforma num livro de arqueologia, explicando as escavações em aspectos técnicos, os resultados e a interpretação de seu trabalho. Não é só uma divisão retórica, são realmente três livros diferentes, com abordagens e resultados distintos, o que me fez me dividir em minha avaliação.

A primeira parte me pareceu bem satisfatória, uma explicação simples, sem muito academicismo, para ambientar qualquer leitor no teor do livro. A segunda foi para mim a melhor, já que sou apaixonado por viajar e ler narrativas de viagens alheias - e essa é uma narrativa bastante cativante, de um americano em contato com uma cultura bem diferente à que estava acostumado, num ambiente difícil e desconfortável. Até aí o livro anda muito bem, mas a última parte é um suplício, uma leitura enfadonha - como já era de se esperar de um texto sobre arqueologia, dada minha experiência anterior com esse tipo de trabalho.

Hiram Bingham nasceu no Avaí, e além de arqueólogo e explorador, foi político e militar. Sua façanha de ser o descobridor de Machu Picchu é contestada pelo fato de algumas pessoas já terem chegado lá alguns anos antes: um alemão na década de 1860, dois peruanos no início do século e dois missionários em 1906, além dos moradores da região. Entretanto, mesmo que essas pessoas tivessem alcançado a cidade perdida antes, o mérito de torná-la conhecida para o mundo foi de Bingham. A cidadela foi descoberta por acaso, através de um palpite de Bingham, guiado por um garotinho que conhecia a área e estava totalmente coberta de vegetação e infestada de serpentes. Hiram Bingham interpretou erroneamente o local como a última cidade dos incas que ele procurava - Ollantaitambo, que posteriormente foi descoberta em outro lugar, porém sem nenhum brilho. Machu Picchu é hoje um dos destinos de viagem mais famosos do mundo. Não tem uma visitação tão grande como o Coliseu ou Teotihuacan por causa da distância dos centros urbanos, mas ainda assim recebe uma horda de turistas, muitos deles predadores de patrimônio histórico, o que põe em risco esse legado deixado para toda a humanidade.

Encontrei esse livro numa loja em Cusco, quando viajei para conhecer Machu Picchu em 2012. É o livro mais fácil de se encontrar por lá, vendido em todos os cantos da cidade por preços bem baixos, em inglês ou espanhol - acho que é meio como uma leitura obrigatória para quem se interessa. Fora do Peru, não é difícil encontrá-lo pela internet, mas não há edição em português e dificilmente alguém vai achá-lo para vender em uma loja por aqui. Mesmo se você nunca foi a Machu Picchu, recomendo a leitura se gostar de história ou relatos de viagem. Se você já foi ou pretende ir, não deixe de ler, é obrigatório para melhor compreensão desse lugar. E se você não pretende visitar Machu Picchu, mude de ideia: é magnífico, e mesmo abarrotado de turistas de todos os tipos, ainda se consegue descobrir alguns cantos de paz e silêncio para contemplar a natureza e as ruínas de uma civilização perdida na beira de abismos sublimes.

Editora: ABC
Páginas: 252
Disponibilidade: importado
Avaliação: * * * *

sábado, 2 de agosto de 2008

Arqueologia: Estudos e Pesquisas - Carlos Alberto Azevedo


Arqueologia é um tema que sempre achei chato. Já cheguei até a trabalhar com isso durante um tempo, daí meu desinteresse e implicância, já que tinha como obrigação estudar os procedimentos arqueológicos para servir de material para um livro de um canastrão que me contratou. Ver os resultados, descobrir o passado, isso é interessante, mas ser arqueólogo deve ser um porre. Lendo aquilo, eu me perguntava: como é que alguém pode gostar de ficar cavando buraco no chão?

Ainda bem que existem arqueólogos no mundo que cavam os buracos e nos mostram como era o mundo há muito, muito tempo atrás. Este meu interesse, não na arqueologia em si, mas nos resultados dela, me levaram inclusive a uma viagem pelo interior do Nordeste em busca de sítios arqueológicos, e na entrada de um deles encontrei vendendo “Arqueologia: Estudos & Pesquisas”, de Carlos Alberto Azevedo.

Confesso que, por causa da minha quase total ignorância no assunto, nunca tinha ouvido falar do autor, mas se eu estivesse um pouquinho inserido neste mundo real de Indiana Jones e Tomb Rider, já deveria conhecer, já que Azevedo tem um amplo currículo no assunto em universidades européias e tem participação ativa nas pesquisas arqueológicas em seu estado, a Paraíba.

O motivo maior para eu ter comprado este livro foi o fato de eu ter visitado o sítio arqueológico da cidade de Ingá e, apesar de ter ficado impressionado com o que vi, não entendi bulhufas de seu significado. Quando vi o livro, achei que era oportunidade de absorver alguma informação interessante, para ter um acréscimo intelectual, e não só uma admiração estética pelo maravilhoso patrimônio que eu acabara de conhecer.

“Arqueologia: Estudos e Pesquisas” é uma compilação de textos do autor, independentes entre si, divididos em duas partes, de mesmo nome do título. A primeira parte, “estudos”, é o que há de interessante no livro: artigos explicativos sobre diversas modalidades de arqueologia. Excetuando-se o primeiro texto, que é uma leitura crítica de uma outra obra do mesmo ramo, os artigos apresentam questões não muito profundas ou complicadas sobre a disciplina, tomando como exemplo sítios arqueológicos brasileiros, ao alcance de qualquer um, incluindo o sítio do Ingá. Há também textos que tratam da arqueologia submarina no estado da Paraíba e um muito interessante intitulado “Pré-história e ufologia”, uma refutação aos que entendem as marcas deixadas por nossos antepassados como ações de homenzinhos verdes... Meu interesse pelo livro terminou na primeira parte, já que a seqüência, “Pesquisa”, não passa de um apanhado de questões profissionais dos arqueólogos, com descrições técnicas de sítios arqueológicos, resultados de trabalhos e um projeto de pesquisa.

O livro de Carlos Alberto Azevedo é uma produtiva introdução aos leigos que buscam entender alguns segredos desta ciência de procedimentos chatos, mas resultados interessantes. Pelo menos até o final da primeira parte.

Editora: Idéia
Páginas: 143
Disponibilidade: site da editora http://www.ideiaeditora.com.br/
Avaliação: * * *