Este simpático livrinho conta a história de Buck, um São Bernardo mestiço que é retirado de sua casa na Califórnia, onde viva com uma família de classe média, e enviado para o Alasca para puxar carrinho de neve. Teria tudo para ser um grande roteiro de um agradável filme da Sessão da Tarde, mas antes de tirarmos conclusões precipitadas, vamos dar uma olhada na biografia do autor?
Jack London nasceu em 1876 em São Francisco. Seu pai abandonou sua mãe ainda na gravidez, mas o menino foi criado por outro marido da mãe. Antes de completar 15 anos, já cometia pequenos delitos e saqueava criações de ostras. Trabalhou nas mais diversas ocupações: fábrica de enlatados, jornaleiro, balconista, etc. Largou tudo, saiu pela estrada nos EUA, criou uma gangue de assalto a trens, viajou para o Japão para caçar focas, buscou ouro no Alasca, virou socialista, foi preso por vagabundagem, teve relações homossexuais com um dos chefes dos presos para não morrer na cadeia, foi correspondente da guerra russo-japonesa, faliu algumas vezes, escreveu vários best-sellers e morreu de overdose de uma mistura de morfina com atropina (além de álcool e anti-depressivos).
Pois é, não dá pra esperar que o cachorrinho volte para casa no final com um cara desses, não é?
London tem uma escrita leve e agradável, o que não impede que sejam criadas cenas fortes e descrição de sentimentos com impacto acentuado. Talvez por isso London não seja muito bem aceito no meio culto e não esteja incluído no hall da alta literatura, mas quem se importa com isso? A narração em terceira pessoa é justa e aceitável para a difícil tarefa de imaginar como seriam os sentimentos e as percepções de um cão, e a história é divertida, fácil e ideal para um dia de ócio, contanto que você não esteja esperando algo como "Beethoven" ou "Lassie" e goste de cachorros realmente maus, pois você vai se deparar com passagens como "Matar ou morrer, comer ou ser comido, era a lei; e a esse imperativo, surgido nos abismos do tempo, ele obedecia".
Detalhe: Eu nunca vi tantas traduçoes para o título de um livro como este. O original é "The call of the wild", que eu já vi traduzido como "O chamado selvagem", "O chamado da selva", "O chamado da floresta", mas acho que fica mais legal "O chamado da natureza", apesar de não ser traduzido literalmente.
Editora: várias
Páginas: 100
Disponibilidade: normal
Avaliação: * * * *
Opa, já está na minha lista. Vai ser o proximo livro que vou ler =)
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