terça-feira, 7 de junho de 2011

Revista Samba - vários autores


No ano passado, na postagem sobre a Rio Comicon, prometi que escreveria sobre uma publicação alternativa que chamou minha atenção, a revista Samba. Como sempre cumpro minhas promessas, mesmo que quase sempre com bastante atraso, aí está.

Como já escrevi sobre a dita convenção, limito-me a iniciar meu relato da parte em que eu estava tentando me locomover com minha irmã no abarrotado salão que abrigou o evento, observando uma série de fanzines toscos em mesinhas vazias que davam pena, até ficar impedido de andar entre a fila de gente que esperava um autógrafo de Milo Manara e uma muvuca que se acotovelava para alcançar uma mesa cheia de revistas, de onde alguém gritava "Samba 2! Samba 2!" Na hora pensei: "Que porra é essa de Samba 2 que esse cara não para de gritar?", mas confesso que o que despertou meu interesse foi algo parecido com o que acontece com uma mulher do tipo consumista quando vê um monte de outras semelhantes amontoadas em volta de um camelô na rua - o melhor letreiro para um vendedor, que significa "tem coisa boa e barata aqui".

Quando consegui chegar ao "balcão", peguei um exemplar aberto da tal Samba 2, e de cara senti a diferença entre essa publicação e os inúmeros fanzines xerocados em folha A4 dobrada que proliferam nesse tipo de evento. Uma revista em formato 18x26, com uma bela pintura na capa de papel de boa qualidade, daqueles que agradam ao tato. No miolo, diferentes estilos de desenhos, algumas histórias coloridas, do minimalismo quase idiota a traços mais sombrios, séries de pinturas sem textos a textos quase sem desenhos, mas o grande diferencial era uma historinha em 3D e os óculos que acompanham a revista. Levei pra casa, e com mais tempo e tranquilidade para apreciar melhor o trabalho, pude comprovar a qualidade, tanto do acabamento quanto da criação artística da maioria dos autores dessa obra coletiva. Histórias curtas, a maioria levando para o lado do humor, algumas melancólicas e o restante simplesmente nonsense.

Fico realmente feliz quando vejo que artistas independentes - seja de quadrinhos, música ou qualquer outro ramo artístico - conseguem criar e veicular trabalhos dessa categoria, e entrei no blog da revista para comprar o primeiro volume, lançado em 2008. O número de páginas é menor, mas o formato e o tipo de conteúdo são os mesmos, sendo que alguns personagens aparecem em ambos os volumes, porém sem histórias seriadas. Este primeiro volume ganhou um prêmio de melhor revista na Feira de Quadrinhos do Piauí, em 2009, e talvez esse reconhecimento tenha estimulado a continuidade do trabalho. Espero que venha a ser lançado logo o próximo volume e que essa moçada esperta de Brasília encabeçada por Gabriel Góes, Gabrieal Mesquita e Lucas Gehre sirva de exemplo e estímulo para o restante dos quadrinistas independentes do Brasil.

Editora: independente
Páginas: 64 e 136
Disponibilidade: blog da revista ou eventos de quadrinhos.
Avaliação: * * * * *

Um comentário:

  1. Nando, fico feliz que vc tenha voltado a escrever. Isso significa que vc volta ao seu estado normal, de quem vive. A Clarice dizia que quando não escrevia era como se estivesse morta. Lembrei disso agora. Tenho certeza de que acontece o mesmo contigo.Se vc escreve sobre quadrinhos melhor. Melhor ainda se vc escreve sobre quadrinhos alternativos, que merecem com toda a justiça o status de "a nona arte". A minha experiência com Crumb e Sacco que o diga. Estou pesquisando nossos quadrinhos em francês naquela lista de sebos e livrarias. Pesquisei umas dez e nada. Começo a achar que vc vai encontrar material bom e barato nos sebos mesmo. Mas vai ter que ter disposição e tempo para procurar ... Falou, amigo!

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