sábado, 20 de setembro de 2008

Eric Clapton: A Autobiografia


Eric Clapton, guitarrista com status de divindade, passou décadas se drogando, bebendo, transando com as mais lindas garotas, se divertindo pacas ao redor do mundo e fazendo muitas merdas com a própria vida, mas desde a década de 1990 ele diz que parou com quase tudo isso, montou uma família e finalmente lançou um livro contando como tudo isso aconteceu. Definitivamente, o rock’n’roll está morto e enterrado, mas como eu gosto muito de história, decidi dar uma conferida em “Eric Clapton – a autobiografia”.

Apesar de o rock estar nas minhas entranhas desde que saí da infância, nunca fui muito fã de Clapton, que leva sua carreira muito para o lado do blues, estilo que não sou aficionado. É só mais um músico que ouço sem fixação, mas sem desconsiderar sua genialidade na guitarra. O que me levou a ler este livro foi o simples fato do cara ter vivido os anos mais loucos do rock’n’roll – estilo musical que morreu em 1996, com o fim dos Ramones, última banda a encarnar o espírito do rock.

Além de Clapton contar as maiores loucuras, irresponsabilidades e escrotices que um astro do rock podia promover, através das páginas de sua autobiografia são apresentadas situações curiosíssimas com outros músicos que cruzaram sua carreira, como Rolling Stones, Beatles, Bob Dylan, Jimi Hendrix e sobretudo George Harrison, grande amigo de Clapton e meu beatle predileto. Seria um livro excelente se as memórias terminassem na década de 1980, pois nos últimos capítulos o guitarrista fala sobre coisas sem graça como sua vida em família e sua abstenção alcoólica.

Adoro biografias, para mim são formas diferentes de se contar a história do que quer que seja – nesse caso, a história do rock’n’roll. Não desqualifico os livros de memórias pessoais como este, mas com certeza neste tipo de biografia perde-se muito, já que é uma visão pessoal, parcial e comprometida com as pessoas próximas do autor. Percebe-se que a cada capítulo o livro fica menos intenso e com menos revelações chocantes, pois passa a falar cada vez mais de pessoas vivas e que convivem com o autor ainda hoje. Por exemplo, até o momento em que ele conhece sua atual esposa, não há um capítulo do livro (exceto o primeiro, quando ele ainda é criança) que Clapton não fale de mulheres que ele pegou e puladas de cerca em suas inúmeras turnês, mas depois de seu casamento não se fala mais nesse assunto. São coisas que é melhor evitar para não serem necessárias desculpas esfarrapadas depois.

Mais do que simples memórias, me pareceu que a autobiografia de Eric Clapton teve um sentido de reconhecer o quão babaca ele foi com diversas pessoas em sua vida e tentar se desculpar e se mostrar arrependido por muitas vezes ter ferido ou tratado os outros como lixo. Clapton é um dos maiores guitarristas de todos os tempos, não um escritor de verdade, por isso seu estilo é fraco, levado pela linguagem, com vícios e gírias, especialmente um “na real” que se repete constantemente. A tradução também não ajuda com a falta de virgulas, a troca de “estada” por “estadia” durante todo o livro e um impressionante “estensos” na página 110 que passou batido pela revisão. Não se espera de um livro como esse uma obra-prima da alta literatura, mas sim histórias fascinantes sobre vários deuses sagrados do mundo do rock. Diversão garantida para quem curte.

Editora: Planeta
Páginas: 399
Disponibilidade: normal
Avaliação: * * *

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