Estes são os livros que mais me desapontaram neste ano. Não os piores, mas os que eu mais depositei esperanças de uma boa leitura e não tive uma resposta satisfatória. “As crônicas saxônicas” partem de dois pressupostos fortíssimos: (1) foram escritas por Bernard Cornwell, autor das “Crônicas de Artur”, um de meus livros prediletos, e (2) contam histórias de vikings, um dos povos que mais me fascinam. Depois das “Crônicas de Artur”, li “O tigre de Sharpe”, que apesar de divertido não achei lá essas coisas, mas pensei que fosse uma exceção na sua obra. Mas depois de ler os dois primeiros volumes das “Crônicas saxônicas” começo a pensar que na verdade Bernard Cornwell é daqueles autores de um livro só.
Logo no início do livro, percebi uma coisa que já tinha ficado meio evidente em “O tigre de Sharpe”, que é a repetição de um modelo que deu certo na criação dos personagens de seus livros, mas entre as crônicas saxônicas e as de Artur as semelhanças entre os personagens são tantas que fica parecendo que Uthred, o protagonista das crônicas saxônicas, é a reencarnação de Derfel, o herói das crônicas de Artur. As mais evidentes estão listadas a seguir:
- O personagem principal tem uma namoradinha abusada, sádica e totalmente anti-cristã.
- A mulher do chefe é escrota e não gosta do protagonista.
- O personagem principal zomba do cristianismo, mas no futuro se converte, apesar de continuar acreditando na religião anterior.
- O personagem principal sabe (ou aprende a) ler, e nisso inclui-se também o livro de Sharpe.
As semelhanças são tão grandes que chega ao cúmulo de o último capítulo de ambos os livros terem o mesmo título (“A parede de escudos”). Um pouquinho mais de criatividade não faria mal a ninguém, sobretudo aos seus leitores!
Além dessas identificações desagradáveis, o estilo de Bernard Cornwell, que eu tanto apreciei nas crônicas de Artur, começa a ficar enjoativo para mim. Se não bastassem todas as semelhanças descritas acima, o estilo marcado faz parecer ainda mais que ambos os livros têm o mesmo narrador. Não sei se é problema da tradução, pois li um capítulo de outro livro seu (“Gallows Thief”) no original em inglês, e gostei muito. Posso até tentar daqui pra frente ler só o original, mas não sei, tem algo que já está saturado em sua escrita, como uma mania meio irritante de fechar quase todos os capítulos com uma frase solta do parágrafo. Outra furada que percebi na leitura das crônicas saxônicas foi a narração em primeira pessoa durante a infância do herói, pois ele pensa, age e fala como um adulto, o que fica bizarro e patético.
As “Crônicas saxônicas” contam a saga de Uthred, um menino saxão que vivia num forte na Inglaterra até a chegada dos invasores vikings, que matam sua família e o raptam e criam com seus modos de vida. Uthred então se transforma num autêntico viking, mas já adulto, por ironia do destino, passa novamente para o lado dos saxões, habitantes estabelecidos há alguns séculos na ilha, e tem que lutar contra seus antigos companheiros e sua religião em favor do rei Alfredo e do cristianismo. O que mais me interessou nesta leitura foi o simples fato de abordar a história dos vikings. Isso por si só já me encantou, apesar das limitações já explanadas, pois eu realmente amo os vikings, queria ter nascido um deles para simplesmente invadir a terra dos outros, roubar sua comida, queimar suas casas, estuprar suas mulheres, matar, decapitar, eviscerar, mutilar, e morrer lutando, e depois de tudo isso ser recompensado indo para o Valhalla (como se fosse o paraíso) e passar o resto dos dias lutando e pegando todas as mulheres lá até o Ragnarok (a batalha final dos deuses, como se fosse o Juízo Final). A única coisa que nunca entendi nas lendas vikings é o lance das mulheres, já que elas não entravam no Valhalla. Mas deixa pra lá, a lenda é agradável dessa forma, não quero nem imaginar em chegar lá e me deparar com um monte de cuecas...
Até o momento foram lançados quatro volumes da série, mas depois da leitura dos dois primeiros perdi a vontade de continuar. O primeiro é legal, e a história em si, com descrições de batalhas e estratégias de guerra, impulsionou minha leitura, apesar da decepção inicial com a falta de criatividade na construção dos personagens. Já o segundo começa muito melhor que o primeiro, me fazendo achar que a história enfim andaria num ritmo melhor. Até a metade do livro fiquei com os olhos grudados e ansioso para ver o desenrolar das coisas, mas então começou o momento “O império contra-ataca” da trama, ou seja, quando o inimigo vira o jogo e quase derrota o herói, e até o final do volume ficou numa lengalenga que fez me arrastar na leitura e perder a vontade de continuar até o final da saga. De repente eu até termino daqui a alguns meses (já comprei os outros dois mesmo...), mas agora perdi o interesse completamente, muito pela qualidade regular do livro, mas acho que sobretudo porque após as fantásticas “Crônicas de Artur” esperava muito mais de Bernard Cornwell, e esta decepção me deixou com um pouco de raiva.
Para curtir as histórias e lendas dos guerreiros vikings, mais instrutivo e encantador do que ler a “Crônicas saxônicas” é ouvir a música “Cold Wind to Valhalla”, do Jethro Tull, ou ler os quadrinhos do Thor da década de 80.
Editora: Record
Páginas: 364 (vol.1) e 387 (vol.2)
Disponibilidade: normal
Avaliação: * * *
Logo no início do livro, percebi uma coisa que já tinha ficado meio evidente em “O tigre de Sharpe”, que é a repetição de um modelo que deu certo na criação dos personagens de seus livros, mas entre as crônicas saxônicas e as de Artur as semelhanças entre os personagens são tantas que fica parecendo que Uthred, o protagonista das crônicas saxônicas, é a reencarnação de Derfel, o herói das crônicas de Artur. As mais evidentes estão listadas a seguir:
- O personagem principal tem uma namoradinha abusada, sádica e totalmente anti-cristã.
- A mulher do chefe é escrota e não gosta do protagonista.
- O personagem principal zomba do cristianismo, mas no futuro se converte, apesar de continuar acreditando na religião anterior.
- O personagem principal sabe (ou aprende a) ler, e nisso inclui-se também o livro de Sharpe.
As semelhanças são tão grandes que chega ao cúmulo de o último capítulo de ambos os livros terem o mesmo título (“A parede de escudos”). Um pouquinho mais de criatividade não faria mal a ninguém, sobretudo aos seus leitores!
Além dessas identificações desagradáveis, o estilo de Bernard Cornwell, que eu tanto apreciei nas crônicas de Artur, começa a ficar enjoativo para mim. Se não bastassem todas as semelhanças descritas acima, o estilo marcado faz parecer ainda mais que ambos os livros têm o mesmo narrador. Não sei se é problema da tradução, pois li um capítulo de outro livro seu (“Gallows Thief”) no original em inglês, e gostei muito. Posso até tentar daqui pra frente ler só o original, mas não sei, tem algo que já está saturado em sua escrita, como uma mania meio irritante de fechar quase todos os capítulos com uma frase solta do parágrafo. Outra furada que percebi na leitura das crônicas saxônicas foi a narração em primeira pessoa durante a infância do herói, pois ele pensa, age e fala como um adulto, o que fica bizarro e patético.
As “Crônicas saxônicas” contam a saga de Uthred, um menino saxão que vivia num forte na Inglaterra até a chegada dos invasores vikings, que matam sua família e o raptam e criam com seus modos de vida. Uthred então se transforma num autêntico viking, mas já adulto, por ironia do destino, passa novamente para o lado dos saxões, habitantes estabelecidos há alguns séculos na ilha, e tem que lutar contra seus antigos companheiros e sua religião em favor do rei Alfredo e do cristianismo. O que mais me interessou nesta leitura foi o simples fato de abordar a história dos vikings. Isso por si só já me encantou, apesar das limitações já explanadas, pois eu realmente amo os vikings, queria ter nascido um deles para simplesmente invadir a terra dos outros, roubar sua comida, queimar suas casas, estuprar suas mulheres, matar, decapitar, eviscerar, mutilar, e morrer lutando, e depois de tudo isso ser recompensado indo para o Valhalla (como se fosse o paraíso) e passar o resto dos dias lutando e pegando todas as mulheres lá até o Ragnarok (a batalha final dos deuses, como se fosse o Juízo Final). A única coisa que nunca entendi nas lendas vikings é o lance das mulheres, já que elas não entravam no Valhalla. Mas deixa pra lá, a lenda é agradável dessa forma, não quero nem imaginar em chegar lá e me deparar com um monte de cuecas...
Até o momento foram lançados quatro volumes da série, mas depois da leitura dos dois primeiros perdi a vontade de continuar. O primeiro é legal, e a história em si, com descrições de batalhas e estratégias de guerra, impulsionou minha leitura, apesar da decepção inicial com a falta de criatividade na construção dos personagens. Já o segundo começa muito melhor que o primeiro, me fazendo achar que a história enfim andaria num ritmo melhor. Até a metade do livro fiquei com os olhos grudados e ansioso para ver o desenrolar das coisas, mas então começou o momento “O império contra-ataca” da trama, ou seja, quando o inimigo vira o jogo e quase derrota o herói, e até o final do volume ficou numa lengalenga que fez me arrastar na leitura e perder a vontade de continuar até o final da saga. De repente eu até termino daqui a alguns meses (já comprei os outros dois mesmo...), mas agora perdi o interesse completamente, muito pela qualidade regular do livro, mas acho que sobretudo porque após as fantásticas “Crônicas de Artur” esperava muito mais de Bernard Cornwell, e esta decepção me deixou com um pouco de raiva.
Para curtir as histórias e lendas dos guerreiros vikings, mais instrutivo e encantador do que ler a “Crônicas saxônicas” é ouvir a música “Cold Wind to Valhalla”, do Jethro Tull, ou ler os quadrinhos do Thor da década de 80.
Editora: Record
Páginas: 364 (vol.1) e 387 (vol.2)
Disponibilidade: normal
Avaliação: * * *
estranho, gostei muito de todos os volumes...já os do arthur...nao consegui ler....Achei mesmo ótimo essa coleção.
ResponderExcluirObrigado pelos comentários, Pirata! Adoro o tema abordado nesta série de livros, mas acho que o que mais me incomodou foi a semelhança (tipo "copiança") entre As Crônicas Saxônicas e As Crônicas de Artur. Cornwell é um bom autor, mas deixa a desejar nas suas narrações em primeira pessoa, que caem na mesmice. Por outro lado, no momento estu lendo "O Condenado", que é narrado em terceira pessoa, e estou gostando mais.
ResponderExcluirOlá amigo, o condenado eu já li também e gostei muito ! Divirta-se com a boa leitura.
ResponderExcluirAcabei de perder o tesão de ler as crônicas saxônicas... E olhas que li a trilogia de Arthur duas vezes!!! Gostei do seu texto!!!
ResponderExcluirFoi mal Simone, não era meu intuito desestimular a leitura... ou talvez fosse sim, hehehe. Também li as Crônicas de Artur duas vezes, realmente é uma série diferenciada. Também gostei muito do seu blog de viagem, em breve vou dar uma olhada detalhada na postagem sobre Ibitipoca, que fica perto para mim e dá pra visitar num fim de semana ordinário qualquer. Tenho também um blog sobre uma viagem que fiz ao nordeste, você pode acessá-lo pelo meu perfil, e em breve vou publicar algumas fotos da minha última viagem para a Chapada Diamantina. Um abraço!
ResponderExcluirVolto a dizer que li, e gostei muito. Estou ansioso pelo próximo volume. Mas, sou um mero leitor, não um crítico....
ResponderExcluirAtualmente estou lendo "A TORRE NEGRA" de Stephen King - Vol. VI.
Obviamente outro tipo de romance, mas muito criativo e empolgante.
[ ]'s
Opiniões são o que conta aqui, a última coisa que espero é encontrar críticas profissionais - algo tão distante dessa brincadeiras que eu escrevo. Um blog é um espaço virtual de trocas de idéias mesmo, se fosse só para eu expor as minhas, eu nem liberaria os comentários, ou liberaria só os que compactuassem comigo. É muito bom manter essa discussão saudável a respeito de livros, essas entidades que amamos. Gosto de Stephen King, mas nunca li os livros, só vi os filmes e simpatizo com ele porque também é um fã assumido dos Ramones, minha banda do coração. Se você quiser mandar uma resenha de algum livro lido, será um prazer publicar aqui no blog.
ResponderExcluirEngraçado, gosto muito da maldição de Carie mas odeio o apanhador de sonhos. Nunca consegui ler um livro do King até o fim, mas gosto da maioria de seus filmes. Já o Cornwell posso falar que não conseguí ler o Rei do Inverno todo, cansei dele, foi meu primeiro livro do Cornwell e pensei que os outros seriam iguais, mas quando lí o Ultimo rReino devorei o livro e já partí para o Condenado que também gostei muito, é questão de gosto.
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