Como dito anteriormente aqui no blog, a poesia é um ramo de leitura recente para mim. Não me interessou em grande parte da minha vida simplesmente porque eu não conhecia poesia - quer dizer, poesia de qualidade. Achava ridículo aquele tipo de poema todo rimadinho - e ainda acho -, sem graça, preso em seus próprios códigos de conduta, até que comecei a descobrir que a poesia poderia ser tão radical e revolucionária quanto uma prosa solta de um Henry Miller, e vai muito além de coisas medíocres como o parnasianismo que a gente aprende na escola.
Allen Ginsberg chegou a mim através de meu interesse pela prosa beat. Pesquisando sobre os autores pelos quais me interesso, descobri ali no meio deles esse poeta que me surpreendeu e me tomou coração e mente de assalto. Ginsberg é um dos maiores poetas da língua inglesa de todos os
tempos. Inspirado em gente importante como William Blake e Walt Whitman,
mas sem que isso interferisse em sua originalidade, Ginsberg iniciou
sua carreira nos anos quarenta, formando o núcleo do que seria a geração
beat, ao lado de outros importantes escritores como seu amigo Jack
Kerouac.
Assim como meus autores prediletos de prosa, Ginsberg representa para mim muito mais do que um autor importante pela sua técnica: ele diz o que eu quero ouvir, escreve o que eu estava esperando ler, o que eu precisava conhecer antes de morrer. Eu não tenho interesse em saber se Vinícius de Morais tem medo de amar (e pior ainda se ele faz isso em versinhos rimados...). Me fascina muito mais um cara que viu as melhores mentes de sua geração "destruídas pela loucura, famintas, nuas", como contou Allen Ginsberg. Presente em um dos momentos mais importantes e apaixonantes da história de literatura (e da humanidade em geral), Ginsberg viu, viveu e escreveu um mundo de sexo, amor, drogas e lutas políticas como poucos. Sua poesia é excelente por si só, mas uma pesquisa paralela sobre sua biografia é essencial para essa experiência de leitura.
Collected Poems 1947-1997 abarca toda a obra poética de Allen Ginsberg, em ordem cronológica. Um livro monumental, com mil e tantas páginas, passando por todas as sua fases, várias leituras e releituras para a vida. Existem diversas traduções de Ginsberg para o português, mas nenhum trabalho como esse, completo, e além do mais, se prosa já é uma coisa meio complicada de se ter traduzida, poesia é para mim inconcebível, perde-se completamente o sentido - é claro que, se quisermos conhecer a fundo a poesia do mundo, dependeremos uma hora ou outra de uma tradução, não vou aprender russo só para conhecer Maiakovski -, mas para autores em inglês ou espanhol que são línguas comuns para nós, vale o esforço da interpretação pessoal no original.
Editora: Harper Perennial
Páginas: 1191
Disponibilidade: importado
Avaliação: * * * * *
não tem esse livro em português?
ResponderExcluirNão, Vinícius. Existem poucas traduções de Allen Ginsberg para o português, e só as coisas mais famosas como Uivo e Kadish.
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