Piratas: bandidos renegados que cruzam os mares roubando e saqueando, sem lei nem rei, ao sabor do vento, seguindo seus instintos básicos na boemia e luxúria em cada porto ou inferninho em terra firma, subvertendo a ordem e sabotando o sistema, seja lá de que época for. Tem como não gostar deles? Os piratas existiram em diferentes épocas e locais do mundo, e existem até hoje (da maneira clássica, como os que saqueiam a costa da Somália em busca de resgates de milhões de dólares, ou pós-moderna, roubando propriedade intelectual ao invés de bens físicos). Um desses lugares foi o norte da África, durante o século XVII, e sobre esta especificidade Peter Lamborn Wilson nos conta alguma coisa em “Utopias Piratas: mouros, hereges e renegados”.
Ausente em qualquer livro didático ou obra geral de história, a região conhecida como Barbária abrangia a costa africana compreendida entre a Líbia e o Marrocos atuais, e pertencia ao Império Otomano, porém com certa liberdade e autonomia. Em seu livro, P. L. Wilson nos apresenta aspectos surpreendentes sobre esta região, analisando suas principais bases piratas – Trípoli, Tunis, Argel e Salé (atualmente capitais de Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos, respectivamente). Nada de anormal existiria nesses antros de bandidos que permitisse um estudo surpreendente para o público não especializado, não fosse a forte presença de europeus que fugiam de suas terras e se estabelecessem em territórios maometanos, promovendo conseqüentemente sua conversão ao islamismo. E é justamente esta a preocupação central do autor: quem eram estes homens que largavam a Europa, se convertiam e passavam o resto de suas vidas lutando contra seus conterrâneos? Quais eram suas motivações? Que diferenças havia entre o modo de vida das sociedades cristã e muçulmana que determinavam essa vira-casaca?
Apesar de dedicar capítulos próprios para cada uma das principais cidades citadas acima, o autor tem como sua principal preocupação Salé, a seu ver uma república proto-democrática, talvez o elo perdido entre a Grécia clássica e as democracias contemporâneas. Passando pela análise social, econômica e cultural dos locais abordados, o autor apresenta casos específicos e biografias de piratas célebres e observadores externos, enchendo o livro de transcrições de fontes escritas, que em algumas ocasiões cansam. A escrita de Wilson é leve e com muito bom humor, como já é característico dos livros da editora Conrad que seguem esta linha.
“Utopias Piratas” é uma obra agradável a pessoas que já torceram para Robin Hood ou Han Solo, que se interessam por personagens históricos como Lampião, Lamarca ou Zumbi, ou que pelo menos tentam entender (mesmo sem concordar com) ações de tipos como Carlos Chacal, Osama Bin Laden, o IRA ou o Sendero Luminoso. Afinal, membros de entidades estudantis, hooligans, punks, hackers e até mesmo senhoras pertencentes a alguma dessas pastorais, todos eles, se tivessem vivido há 300 anos na Europa, teriam ficado tentados a se juntar aos piratas de Salé.
Ausente em qualquer livro didático ou obra geral de história, a região conhecida como Barbária abrangia a costa africana compreendida entre a Líbia e o Marrocos atuais, e pertencia ao Império Otomano, porém com certa liberdade e autonomia. Em seu livro, P. L. Wilson nos apresenta aspectos surpreendentes sobre esta região, analisando suas principais bases piratas – Trípoli, Tunis, Argel e Salé (atualmente capitais de Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos, respectivamente). Nada de anormal existiria nesses antros de bandidos que permitisse um estudo surpreendente para o público não especializado, não fosse a forte presença de europeus que fugiam de suas terras e se estabelecessem em territórios maometanos, promovendo conseqüentemente sua conversão ao islamismo. E é justamente esta a preocupação central do autor: quem eram estes homens que largavam a Europa, se convertiam e passavam o resto de suas vidas lutando contra seus conterrâneos? Quais eram suas motivações? Que diferenças havia entre o modo de vida das sociedades cristã e muçulmana que determinavam essa vira-casaca?
Apesar de dedicar capítulos próprios para cada uma das principais cidades citadas acima, o autor tem como sua principal preocupação Salé, a seu ver uma república proto-democrática, talvez o elo perdido entre a Grécia clássica e as democracias contemporâneas. Passando pela análise social, econômica e cultural dos locais abordados, o autor apresenta casos específicos e biografias de piratas célebres e observadores externos, enchendo o livro de transcrições de fontes escritas, que em algumas ocasiões cansam. A escrita de Wilson é leve e com muito bom humor, como já é característico dos livros da editora Conrad que seguem esta linha.
“Utopias Piratas” é uma obra agradável a pessoas que já torceram para Robin Hood ou Han Solo, que se interessam por personagens históricos como Lampião, Lamarca ou Zumbi, ou que pelo menos tentam entender (mesmo sem concordar com) ações de tipos como Carlos Chacal, Osama Bin Laden, o IRA ou o Sendero Luminoso. Afinal, membros de entidades estudantis, hooligans, punks, hackers e até mesmo senhoras pertencentes a alguma dessas pastorais, todos eles, se tivessem vivido há 300 anos na Europa, teriam ficado tentados a se juntar aos piratas de Salé.
Editora: Conrad
Páginas: 190
Disponibilidade: normal
Avaliação: * * * *
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